Cura Crística

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Maledicência


Não fales mal de ninguém


Toda pessoa não suficientemente realizada em si mesma tem a instintiva tendência de falar mal dos outros.
Qual a razão última dessa mania de maledicência?
É um complexo de inferioridade unido a um desejo de superioridade.
Diminuir o valor dos outros dá-nos a grata ilusão de aumentar o nosso valor próprio.
A imensa maioria dos homens não está em condições de medir o seu valor por si mesma. Necessita medir o seu próprio valor pelo desvalor dos outros.
Esses homens julgam necessário apagar as luzes alheias a fim de faze­rem brilhar mais intensamente a sua própria luz.
São como vaga-lumes que não po­dem luzir senão por entre as trevas da noite, porque a luz das suas lan­ternas fosfóreas é muito fraca.
Quem tem bastante luz própria não necessita apagar ou diminuir as luzes dos outros para poder brilhar.
Quem tem valor real em si mesmo não necessita medir o seu valor pelo des­valor dos outros.
Quem tem vigorosa saúde espiri­tual não necessita chamar de doentes os outros para gozar a consciência da saúde própria.
As nossas reuniões sociais, os nos­sos bate-papos são, em geral, acade­mias de maledicência.
Falar mal das pessoas, das coisas alheias é um prazer tão sutil e sedutor – algo parecido com whisky, gin ou cocaína,  que uma pessoa de saúde mo­ral precária facilmente sucumbe a essa epidemia.
A palavra é instru­mento valioso para o intercâmbio entre os homens. Ela, porém, nem sempre tem sido utilizada devidamente.
Poucos são os ho­mens que se valem desse precioso recurso para construir espe­ranças, balsamizar do­res e traçar rotas se­guras.
Fala-se muito por falar, para "matar tempo". A palavra, não poucas vezes, conve­rte-se em estilete da impiedade, em lâmina da maledicência e em bisturi da revolta.
Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras dirigem conflitos e resolvem dificuldades.
Falando, espíritos missionários reformularam os alicerces do pensamento humano.
Guerras e planos de paz sofrem a poderosa influência da palavra.
Há quem pronuncie palavras doces, com lábios encharcados pelo fel.
Há aqueles que falam meigamente, cheios de ira e ódio. São enfermos em demorado processo de reajuste.
Portanto, cabe às pessoas lúcidas e de bom senso, não dar ensejo para que o veneno da maledicência se alastre, infelicitando e destruindo vidas.
Pense nisso!
Desculpemos a fragilidade alheia, lembrando-nos das nossas próprias fraquezas.
Evitemos a censura.
A maledicência começa na palavra do reprove inoportuno.
Se desejamos educar, reparar erros, não os abordemos estando o responsável ausente.
Toda a palavra torpe, como qualquer censura contumaz, faz-se hábito negativo que culmina por envilecer o caráter de quem com isso se compraz.
Enriqueçamos o coração de amor e banhemos a mente com as luzes da misericórdia divina.
Porque, de acordo com o Evangelho de Lucas, "a boca fala do que está cheio o coração".



(Texto extraído do livro "A Essência da Amizade"  Humberto Rohden* Editora Martin Claret).

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